ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

17 fevereiro 2005

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O Reflexo do Esplendor

Jazo-me sem nexo, ou fim...
Tanto nada quis de nada,
Que hoje nada o quer de mim.

Fernando Pessoa


Desde pequena que me habituei a fabricar os foguetes, lançá-los, protagonizar a festa e, no final, limpar o lixo. Por esta razão tenho sido, em geral, considerada “muito inteligente, muito boa, com muitos recursos, o sol da família, a salvadora dos aflitos” e outras coisas aparentadas.

Não foi sem alguma amargura e apreensão que usei a alegoria inicial. É que cheguei a um momento na minha vida em que o cansaço me vence e o desencanto tende a instalar-se. A gente dá, dá, dá, passa por cima de todas as indiferenças, desconfianças, ressentimentos, desfeitas. A gente teima em abraçar, com palavras e gestos, quem aparentemente não sente ou não compreende o nosso abraço, só porque o amor é assim, uma espécie de elemento natural, vivo em si mesmo, que corre por conta própria.
O amor não busca dividendos a não ser, creio hoje, o reflexo do seu esplendor!

Ora acontece que, a esse, raramente o vislumbro. A minha mãe, velhinha e experiente, tem-me sempre explicado sem hesitações: não é por seres minha filha mas não há gente como tu, tens de te defender, dás demais, é preciso ser mais normal.
Como não me contento com a normalidade da vida, vou ter que me redireccionar. Como, não sei.
Novas lições a aprender...


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

16 fevereiro 2005

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Inevitabilidade

Ninguém se livra do que lhe cabe: daquela estrada curvilínea que temos por força de aprender a contornar sem despiste, da ladeira íngreme que é preciso vencer, de todo e qualquer chamamento que nos chegue, seja lá donde fôr e aparece mais forte do que nós.


Assim é com as almas. Todos os que se encontram nesta vida, ou pelo amor ou pelo ódio, encerram, no simbolismo desse encontro, facetas a trabalhar.
Não vale a pena virar as costas ao que não nos agrada.
De nada serve pôr-lhe um rótulo diferente do que nos convém.
Escusado fingir, contar-se histórias. Não há forma de verdadeiramente nos defendermos. Da medula da alma continuarão a brotar, até à hora final, os sinais que hão-de atrair, outra vez, circunstâncias, pessoas, fados idênticos aos que já nos couberam e que não soubémos vivenciar.
Até à hora final.


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

15 fevereiro 2005

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O Valor da Divergência

As pessoas que mais admiro são aquelas que melhor divergem da minha pessoa. Claro está, só se diverge de outrem dentro do que nos é comum. Porque há quem nada tenha de comum connosco, nem sequer a própria existência e a mesma humanidade. E não esqueçamos que o espaço e o tempo são aparências por nós fabricadas para dar passo ao espírito e não lenha para nos queimarmos. Ao mesmo tempo e no mesmo espaço podem juntar-se as pessoas mais alheias entre si e como não acontece na História em tempos e espaços diferentes. A universalidade humana é tão vária que pode um satisfazer inteiramente a sua e sem que lhe passe sequer pela cabeça a de outro que satisfaça também completamente a dele.


Yole Travassos


O tempo de cada qual é o justo para si. Não é dado a ninguém a ocasião da polícia do tempo de outrem. De modo que à porta da nossa intimidade havemos de pôr a admiração por aquele que vai entrar, tanto em quanto diverge como em quanto coincide connosco. Por outras palavras: não vale mais o nosso mistério do que o de outro qualquer. Só o mistério chega inteiro ao fim.


ALMADA NEGREIROS, Textos de Intervenção

13 fevereiro 2005

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A outra

Pronto, já cá está. Instalou-se a tristeza com o seu sombrio véu de silêncio.
Espécie de viúva elegante à moda antiga, cerra-me os lábios, contraído o rosto, e manda-me seguir em frente não obstante a dor. Caminho direita na manhã fria de Londres. Sinto-me encapsulada nalguma coisa que anestesia o pior e que me permite andar em frente, olhar com agrado mudo o perfil sóbrio e elegante dos edifícios de Chelsea e contar rapidamente as minhas bençâos.



Há ainda pouca gente a esta hora da manhã e demoro-me na contemplação dos braços negros e tentaculares das árvores contra o céu plúmbeo a anunciar chuva. Uma rajada de vento mais forte lança um frio cortante por entre a pele entreaberta do meu casacão e estremeço.

(Por onde andarás, meu doce sonho, meu doce e perdido sonho? Perdido, sim, pois só em memórias cada vez mais questionáveis te revejo. Acabam por ser o único registo suportável das nossas inventadas projecções...)

Por sobre as árvores, flutua a outra dentro de mim, o véu esvoaçante, ligeiramente inclinada como um bambú resistente, afilada e estreita, a auscultar os ares por cima de nós.
Como saber se é agora ou depois que os passos fazem sentido? Como saber se eles têm de ser dados ou se se deve deixar a vida vir com as suas soluções naturais ao nosso encontro? Tudo está sempre em marcha, mesmo que nada se faça, são tantos os factores, as variáveis, os inexcrutáveis desígnios...
Hoje, a ordem do dia é nada reter, tudo expurgar. Como se a vida fosse uma retrete aberta vinte e quatro horas para benefício exclusivo do indivíduo centrado em si que se espera que cada um de nós seja para alcançar a felicidade. Cortar, eradicar, rebentar, pôr tudo em pratos limpos, passar para outra. Humm, não creio, não pode ser tão simples.
É certo que, passado o pior momento - o do hermético silêncio, o da paragem forçada de algo dentro de mim para não quebrar - me saberia bem o braço amigo de alguém com quem pudesse desabafar, chorar sem lágrimas, alguém íntimo que me ajudasse a exorcisar o pesadelo e reentrar mais docemente no vaivém dos dias. Tudo sem análises exacerbadas que acabam sempre por ser um mero exercício racional e falho, quando o que aqui se mistura são mundos e mundos subliminares, résteas de sonhos, uns gorados outros na forja, ecos de outras partidas, alguma desistência, laivos de medo...
Por isso a outra me guarda, como tia velha estruturada e sábia, conhecedora dos códigos secretos da vida. Permite-me os devaneios e a prosa desmiolada, consente-me a passeata na friagem da manhã para que gaste a energia febril, ausenta-me de mim para que eu permaneça.
Devo permanecer, ainda. Não redescobri suficientemente o coração da vida, não me fixei como quereria nos momentos misteriosos em que a alma dos pássaros canta em uníssono com a pulsação do universo. Não escrevi, por ora, todas as palavras inscritas nos meus átomos, dançantes no meu sangue. Não sei dizer ainda quem sou.


(Por onde andarão agora todas as almas que amei, as que um dia o bafejo quente da minha acariciou como sol de inverno reconfortante, logo tornado indispensável? E a memória do instante mágico em que a energia do amor passou, miraculosa, a provar o impossível?)


Em frente. Força.
Segue o compasso certeiro dos teus passos.
(Não permitirei que quebres!).
Sigo, sigo...
É melhor não perguntar o caminho a ninguém pois, como disse um velho sábio, assim não corro o risco de me perder.


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

11 fevereiro 2005

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O que esperar dos outros

Os gestos que não fazemos à espera que outros os façam por nós. E assim perdemos a vida, que é uma expressão permanente que não pode ser adiada,nem diferida.
Nenhuma prova de comunhão devemos esperar receber que não formos capazes de primeiro ousar.



Miguel Torga, Diário XVI,
Ed. do autor, Coimbra, 1993

10 fevereiro 2005

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JANELA PESSOANA


SONHO
MULTIDIMENSIONALIDADE
NADA SABER
Como se sonha, por onde se sonha, como se entra e se sai do sonho e se privilegia o sonhar, sem nada saber e bem pouco acordar...







O passado não é senão um sonho… De resto, nem sei o que não é sonho…Se olho para o presente com muita atenção, parece-me que ele já passou…O que é qualquer coisa? Como é que ela passa? Como é por dentro o modo como ela passa?

À beira-mar somos tristes quando sonhamos…Não podemos ser o que queremos ser, porque o que queremos ser queremo-lo sempre ter sido no passado…Quando a onda se espalha e a espuma chia, parece que há mil vozes mínimas a falar. A espuma só parece ser fresca a quem a julga uma… Tudo é muito e nós não sabemos nada…

Toda a hora é materna para os sonhos, mas é preciso não o saber…Quando falo demais começo a separar-me de mim e a ouvir-me falar. Isso faz com que me compadeça de mim própria e sinta demasiadamente o coração. Tenho então uma vontade lacrimosa de o ter nos braços para o poder embalar como a um filho…

Nenhum sonho acaba…Sei eu ao certo se o não continuo sonhando, se o não sonho sem o saber, se o sonhá-lo não é esta coisa vaga a que eu chamo a minha vida?


Os homens que pensam cansam-se de tudo, porque tudo muda. Os homens que passam provam-no, porque mudam com tudo…De eterno e belo há apenas o sonho…


FERNANDO PESSOA (1888-1935), O Marinheiro (excertos)
Quadros(2001-2003):LENA GAL

07 fevereiro 2005

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Construindo o Futuro...?

Aqui, entre esta gente rica e dita importante, vou escrevinhando…para me centrar.
Oico-lhes os factos, as estatísticas, os megaprojectos. Hossanas para a direita e para a esquerda, biliões, muitos biliões (de dinheiro, claro, em moeda forte), grandeza sem fim, até vão ter a torre mais alta do planeta!
Concentro-me, as vozes são vago besouro de fundo.
O absoluto erro de buscar a imponência exterior com base na grandeza da dimensão, tudo sustentado no controle pela tecnologia.
Construir uma réplica de Manhattan num estado árabe é mimetizar uma realidade que não trouxe bem aventurança ao mundo. Não representa criatividade genuina por parte dos seus promotores e limita-se a tentar transpôr, à custa dos lucros provenientes dos recursos da Terra (que é de todos) um modelo inspirado numa sociedade obsoleta e muito corrupta: a ocidental. Modelo que, na parte do mundo hoje aqui em análise, tem os seus próprios escravos: gente oriunda do sub-continente indiano e filipinos, entre outros.


ILHA DOS MORTOS
Arnold Boecklin, 1880

O que me preocupa na humanidade actual é a falta de confiança e de fé em experimentar novos formatos. Pensar que tão enorme riqueza está a ser usada num mero decalque – ainda que adaptado a e impulsionado pelas circunstâncias do mercado mundial e pelo efeito da integração das novas tecnologias – deixa-me a alma arrepanhada de frustração. Como se as gentes estivessem eternamente presas numa roda kármica e seguissem sempre o mesmo molde, ao passarem pelo mesmo “sítio”, historicamente falando.
Falo assim e, contudo, dependo materialmente por ora do meu sucesso dentro deste ainda vigente padrão. Tornar-me uma óbvia e total dissidente não me ajudaria nem à causa de uma Nova Ordem pela qual tanto luto. Enfraqueceria, sem dúvida, a vantagem de eu ter ainda um pé nesse outro mundo em decadência, conhecer-lhe relativamente bem os mecanismos e poder, por consequência, tirar dele o melhor partido possível para os meus próprios fins.
Vejo uma riqueza material sem fim a erguer-se e eu aqui, por factores circunstanciais, no meio desta gente – eu, isolada e absurda – a perguntar à vida o que me quer dizer e como deverei fazer para fazer o melhor possível.; como ter a sabedoria para actuar q.b. no momento certo, eu que sou uma tecedeira de impossíveis e devo muitas vezes utilizar o dificilmente reconhecível e insuspeito factor.


DESTINO, Jan Toorop, 1893

Ninguém suspeita. São amáveis, simpáticos, até mesmo interessados no meu Projecto de Arte quando a conversa resvala nessa direcção.
Penso outra vez, sinto…Sinto-me.
Não aos enganos, não à poeira nos olhos.
Sem, contudo, me demitir do meu enleado com a vida, nem querer passar pelo que ainda não sou.


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos
(no âmbito de uma conferência internacional em Londres)

06 fevereiro 2005

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CHAVES DAS PLEIADES

A N I M A I S
O G a t o ...

Os animais são brilhantes e muito mais capazes do que os humanos. Há muitas diferenças entre a espécie animal e vós. Uma das maiores é os animais saberem que não acabam quando morrem. Sabem que continuam, pois dispõem de uma sabedoria e confiança inatasOs animais foram vos dados como companheiros no planeta. Os humanos têm tido o poder de decidir comê-los ou não. Eles não objectam a serem comidos se isso acrescentar qualidade às vossas vidas e à deles. Contudo, actualmente os animais não são respeitados e a sua vida deixou de ter qualidade. São tratados como se não estivessem vivos, como se não sentissem e como se fossem escravos da espécie humana.
Os animais foram destinados a acompanhar-vos, a ocupar o espaço para ensinar, mostrar e partilhar o caminho convosco. Eles não são mais do que uma criação biogenética baseada em genes oriundos de muitos sistemas solares e planetas diferentes. Vêm de uma variedade de comunidades extraterrestres e parecem-se com os seus antecessores que são seres com capacidades de percepção sensorial noutros planetas. A sua criação permite que representantes desses sistemas tenham um laço genético com a Terra e, portanto, a possibilidade de espreitar e enviar mensagens para este mundo. Esta faceta da criação não foi realmente nunca compreendida.

Alguns dos animais existentes na Terra são utilizados como transmissores. Os vossos gatos são transmissores directos de informação para uma espécie de consciência que usa os gatos para vos proteger. Em tempos antigos, em muitas culturas no vosso planeta estava em voga ter um leão ou um outro gato de grande dimensão junto à entidade dirigente.
A família do gato representa uma instrumentalização biogenética de uma espécie que se parece convosco, excepto que tem cara de gato. As espécies felinas vieram ao planeta em vagas e trabalharam na América do Sul, México, Egipto e nalgumas culturas insulares. Quando ensinaram a espécie humana ou quando misturaram a sua espécie com os humanos e criaram governantes aqui, especialmente no Egipto, deixaram os gatos para transmitir informação a fim de que os dirigentes pudessem ter contacto directo com a espécie oriunda das estrelas. Assim, recebiam telepaticamente dos gatos orientações preciosas para a tomada de decisões.
Mais recentemente, os gatos eram pertença das bruxas, pois eles representavam elos com outros reinos.


Traduzido e adaptado de
Barbara Marciniak, EARTH, Bear & Co., 1994



05 fevereiro 2005

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As Chaves das Pleiades

Tenho andado a ler uma série de textos, supostamente canalizados por seres humanos contactados por energias vindas das Pleiades. Não vou aqui entrar no velho debate de se é falsa ou verdadeira a alegada origem destas informações. De facto, isso pouco me interessa pois já há muito que deixei de dar à prova tangível, laboratorial, a importância que o mundo ocidental lhe costuma conferir. Muitos destes textos ressoam profundamente em mim e estão na linha de uma visão da vida que sempre beneficiei interiormente e que tenho procurado, nalguma medida (aquela que a minha consciência permite), representar na minha manifestação. Para todos os interessados, vou passar a incluir na ORDEM NASCENTE com a regularidade possível, pequenos resumos destes textos sob a designação CHAVES DAS PLEIADES. Espero que eles vos inspirem e confortem tanto como a mim.
Abraço da alma

Mariana Inverno


CHAVES DAS PLEIADES

T E L E V I S Ã O

Na era da informação, sois afastados das fontes naturais de conhecimento.
Os vossos media pertencem e são controlados por aqueles que vos querem ver entretidos e ignorantes. Vendem–vos versões escolhidas da realidade e completamente ignoram outras. A televisão retarda o processo evolutivo e cria limitações, especialmente no caso das crianças, cujas primeiras impressões e imaginação desempenham um papel crucial na vida mais tarde. A televisão mantem-vos numa banda muito estreita de expressão emocional – basicamente caos e medo.
…existe uma enorme campanha para vender televisões e para levar as pessoas a permanecer coladas ao écran a absorver a mais recente versão dos escândalos e da violência, como se aquilo que é transmitido fosse o que de mais importante existe. Aprende a observar como te sentes quando vês televisão. É uma forma de controle de frequência., o qual está a ser tremendamente acelerado pois o medo tem vindo a ser promovido de forma muito rápida em todo o planeta através da televisão.
Queremos encorajá-los a experimentar a vida em primeira mão – não apenas através das imagens e das ideias construidas por outros. Ao dar tanto do vosso tempo à televisão, prejudicam a vossa consciência e o seu potencial.
A alguns séculos de distância, será compreendido como na última parte do século XX as pessoas eram induzidas em estados de estupidificação , dormência e doença através da televisão.
Não percam o vosso tempo com ela pois afasta-vos da vida real e substitui-se à experiência, a vossa principal fonte de aprendizagem.
Se tiverem uma televisão em casa, mesmo que não esteja ligada, retirem a ficha da tomada. Ondas de frequência são transmitidas através da vossa televisão, mesmo desligada.


Traduzido e adaptado de
Barbara Marciniak, EARTH, Bear & Co., 1994

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