ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

27 dezembro 2003

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AMIGO, PERDI O CAMINHO



VINCENT VAN GOGH



Amigo, perdi o caminho. Eco: O caminho prossegue.
Há outro caminho? Eco: O caminho é só um.
Tenho de reconstituir o trilho. Eco: Está perdido e desapareceu.
Para trás, tenho de caminhar para trás! Eco: Nenhum vai lá ter, nenhum.
Então farei daqui o meu lugar. Eco: (A estrada continua),
Permanecerei imóvel e fixarei o meu rosto. Eco: (A estrada avança),
Ficarei aqui, ficarei para sempre. Eco: Nenhum se fica por aqui,
nenhum.
Não consigo encontrar o caminho. Eco: O caminho prossegue.
Oh, os lugares por que passei! Eco: Essa viagem acabou.
E o que virá por fim? Eco: A estrada prossegue.


EDWIN MUIR (1887-1959)

Tradução de Cecília Rego Pinheiro

11 dezembro 2003

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A DANÇA DOS CÉUS



Na dança dos céus, o sol vai descendo desde o solstício de verão, e através do equinócio do outono viaja até ao seu ponto mais baixo em relação ao hemisfério norte da Terra no solstício de inverno. Levemente inclinado no seu eixo , o nosso belo planeta azul dá origem assim àquilo que a humanidade desde tempos imemoriais tem percepcionado como as estações do ano com as suas dramáticas e infinitamente poéticas variações climáticas.
O solstício de inverno ocorre a 21 de Dezembro e corresponde ao dia mais curto do ano, aquele em que a luz está mais baixa, o solo repousa aparentemente inactivo. No céu, o sol desenha o seu arco mais baixo pois a Terra acerca-se dele cerca de três milhões de milhas. A escuridão instala-se de forma alargada no nosso ciclo diário.

Não se sabe ao certo quando e como começou a humanidade a dar-se conta deste evento anual. A investigação histórica está ainda na sua infância e, tal como muitos começam a suspeitar, mesmo a história conhecida carece urgentemente de ser reescrita, à luz de uma nova consciência expansiva de horizontes percepcionais e que integre acima de tudo o factor honestidade.
Sabe-se hoje que muitas culturas celebraram desde tempos ancestrais as cerimónias do solstício de inverno, motivadas pelo medo atávico de que a luz solar não retornaria se os seres humanos não interviessem com os seus ritos e celebrações, ao registarem na ordem manifestada as suas mensagens exaltadoras da fertilidade e do regresso da luz esplendorosa. É mais que provável, por exemplo, que as gentes do Neolítico, os primeiros lavradores de que há memória, e cujas vidas estavam íntimamente ligadas aos ciclos sazonais, tivessem consciência da passagem do solstício. Há pelo menos evidência de que já contavam as fases da lua, cujos ciclos gravavam em osso. Nada mais natural portanto que dessem conta do que se passava com o sol e tivessem os seus próprios festivais ligados à terra, à fertilidade e ao fogo.




De algum modo, a humanidade tomou consciência a partir de dada altura que havia um momento no ano em que o sol parecia parar, daí a designação dada ao fenómeno . Os antigos povos chamaram-lhe o Sol Inconquistado e, à volta deste facto, nasceu um festival pagão que ganhou força e raízes através dos tempos. Já os egípcios antigos, há mais de 4.000 anos, celebravam o renascimento do sol nesta altura do ano num festival que durava doze dias os quais representavam as doze divisões no seu calendário solar. Ornamentavam as casas com ramos verdes, usando palmas de doze rebentos como símbolo do ano completo.
Também os nativos americanos tinham rituais ao solstício de inverno, que duravam vários dias, durante muito tempo antes da chegada dos europeus. No Irão, vamos encontrar a Yalda, durante a qual as famílias em vigília durante a noite mantêm os braseiros acesos para ajudar o sol, símbolo do bem, a combater as trevas, representativas do mal. Entre os Judeus, o conhecido Festival das Luzes ou Hanukkah, cujos rituais incluem velas em profusão, está ligado aos calendários lunar e solar. Começa três dias antes da Lua Nova mais próxima do solstício de inverno e comemora o renascimento espiritual e o
simbolismo da luz crescente, o que o torna muito compatível com todas estas celebrações.
Celebrações que encontramos também no legado cultural do subcontinente indiano e do Tibete e até mesmo na China, cujo calendário é baseado na lua, o dia do solstício de inverno vem assinalado e é designado como Dong Zhi, ou “chegada do inverno”.
Na Babilónia, tinha lugar nesta altura o festival anual da Renovação que foi adoptado pelos persas. As tradições egípcia e persa fundiram-se na cultura romana antiga no festival conhecido por SATURNALIA, por ser dedicado a Saturno, deus das sementeiras.




O ambiente que se vivia durante este período caracterizava-se por uma alegria extravazante, as pessoas celebravam, trocavam prendas e decoravam as suas casas com ramos verdes. Mais importante que tudo: prevalecia um espírito de harmonia e conciliação – esqueciam-se ou adiavam-se as lutas e os ressentimentos, o comércio e as escolas fechavam as portas e a ordem hierárquica normal sofria uma inversão: os escravos eram servidos pelos seus senhores, as crianças presidiam à família e toda a gente se procurava divertir o mais possível num ambiente que tinha algo de carnavalesco. Por todo o lado, uma profusão imensa de velas e lamparinas asseguravam que a escuridão não avançaria mais e que a luz aumentaria todos os dias um pouco até atingir o seu ponto máximo no solstício de verão.
Com o aparecimento do cristianismo, muitas coisas mudaram, em especial depois do Imperador Constantino ter decretado no séc.IV que essa passava a ser a religião oficial do império. Pretenderam os líderes da nova religião que os pagãos passassem a venerar não o deus Sol como até então, mas celebrassem em seu lugar o nascimento de Jesus Cristo. Perante a resistência encontrada, os cristãos fizeram algo que lhes tem sido peculiar através da história – adaptaram-se às circunstâncias, mascarando o efeito final para não se darem por vencidos: moveram a data do Natal, celebração do nascimento de Jesus Cristo, para o dia 25 de Dezembro, data em que então se celebrava o solstício de inverno . Nada na Bíblia indica que Jesus Cristo tenha nascido nessa data e, na realidade, antes do século IV, o nascimento de Cristo havia estado associado com os Reis Magos a 6 de Janeiro .
Apesar do culto ao sol ter permanecido no espírito dos povos, os padres da igreja insistiram que o verdadeiro deus Sol era Cristo e que, as celebrações em honra do sol eram na realidade destinadas ao filho de Deus.
A ancestral luta entre a luz e as trevas, todo o simbolismo associado à luz que Cristo veio trazer a este mundo e a importância da mensagem crística, ainda que deturpada vezes sem conta pelos seus seguidores, foram apagando as raízes pagãs mais antigas e o solstício de inverno foi relegado para segundo plano pela celebração do Natal em quase toda a Terra. Hoje, tristemente, parece estar perdido completamente o espírito original da quadra.


O Natal representa um tempo de intensa transacção comercial, e a Noite da Consoada não é mais do que uma ocasião em que se come e bebe mais do que se deveria.
No longo processo histórico muitas culturas perderam a sua conexão específica com esse evento sazonal e hemisférico que é o solstício de inverno. Felizmente que a consciência humana em expansão já se faz sentir na tentativa de recuperar muitos desses elos aparentemente perdidos.
Que a busca dos nossos laços atávicos com a Terra e com o Cosmos e a requalificação dos nossos actos e celebrações com a alma que verdadeiramente lhes pertence, sem desvios estratégicos ao serviço de interesses políticos e/ou religiosos, seja a grande conquista da humanidade no futuro próximo!




Por ora, celebremos o que a nossa alma nos disser- a busca que iniciámos para reencontrar o sentido perdido das nossas celebrações, o contacto que lográmos restabelecer com a terra-mãe e a alegria de não estarmos sós neste solstício de inverno de 2003 que ocorrerá hoje, 21 de Dezembro, cerca das 23h 00.


Mariana Inverno
21 de Dezembro de 2003


04 dezembro 2003

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A REDE DO NOVO MUNDO




“...precisam de rever as limitações a que estão habituados, quando observam uma pessoa dentro da estrutura do corpo físico.
A compreensão de que existem vários corpos superiores interligados tornar-se-á cada vez mais predominante, também porque haverá um crescente número de pessoas que são capazes de ver alguns dos diferentes corpos de energia...
Almas velhas e sábias estão a encarnar em número crescente, com a sua capacidade intacta para permanecerem dentro da sua própria frequência de energia e, por isso, capazes, por exemplo, de se lembrarem das suas vidas passadas juntamente com as suas metas na vida, mo seu propósito para estar na Terra. Portanto, pais, observem os vossos filhos, por favor, e comecem a levá-los a sério a partir do momento em que nascem.
Eles serão capazes de vos transmitir a sua verdade superior, a qual eles conseguem ainda lembrar de existências anteriores. E isto criará exigências para uma nova norma de aprendizagem e, assim, o sistema geral de educação será mudado como resultado desta influência...
Estas velhas almas sábias também obrigarão os seus pais e as autoridades a modificar o modo como eles estão a tratar os assuntos da protecção ambiental, da influência do governo na vida privada e nos negócios e os assuntos da política em geral.
Isto significa que o sistema económico se fundirá com o sistema ecológico, de modo que a própria distribuição da riqueza, da alimentação e da mercadoria será feita directamente pelas mãos das pessoas, de pessoa para pessoa, por rede.”

A VOZ CELESTIAL DE DIANA, canalizado por Rita Eide,
Editora Hierónima, 2001




03 dezembro 2003

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M A D R E

ABENÇOADOS OITENTA ANOS



ALBERT MOORE


«A aparição da vida é (...)
o mistério central do mundo.»

MIRCEA ELIADE


Entre abraços, laivos de uma ternura sem fim e a descuidada
distracção das prendas, segui-te ininterruptamente com o meu
olhar de dentro, Mãe, e ainda que estejas mais mirrada e o gesto
já não voe, nervoso mas seguro, na ponta dos teus dedos hábeis
de outrora, foi-me possível ver-te na tua completude
- deusa trifásica de Nascimento, Iniciação e Morte.

Olho-te e busco a Mulher inteira, aquela que quero ser, apoiada
no teu exemplo de força e de coragem, mas também no das
sombrias horas em que não soubeste ou não pudeste assumir-te
como tal.

Diz-se que estás no ocaso.
Talvez seja antes invulgar madrugada,
a que se acerca.
Pouco posso, ninguém pode muito
jamais.
Ainda assim
ofereço-te o meu peito
Mãe, flor cósmica e matricial,
pequena, brava, triste, audaz mulher,
ofereço-te os meus braços de coração aberto
nos dias ainda por viver
Regalo-te o meu colo, Madre,
para que na passagem
a serenidade do retorno
seja leve e seja branca
como há muito decidiste.


MARIANA INVERNO


LAMIS DACHWALI

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