ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

16 agosto 2005

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Humanidades Paralelas

Quando uma humanidade é libertada das fronteiras filosóficas, electromagnéticas e ocultas que envasam a sua consciência, a lei cósmica afirma que ela pode começar a entrar em contacto com humanidades mais avançadas, isto é, ela torna-se discípula, não apenas do Mestre supremo, mas também de humanidades paralelas que já respondem num grau mais profundo, que já atingiram níveis de fusão entre poder, doçura, amor, inteligência e oração, e estão, portanto, próximos desse Mestre supremo.

Para que a humanidade de um planeta possa responder a estímulos de voltagem cósmica, a lei aproxima outras humanidades. Esta triangulação: terrestres, intraterrenos, extraterrestres – que irá injectar na psique colectiva da bacia de fundo que nos mantém coesos o que mais contribuirá para a iluminação e a iniciação da humanidade de superfície – estes Irmãos, que vêm de regiões do Universo já resolvidas do ponto de vista da luta dos opostos, têm autorização, finalmente, de se apresentarem ao homem de superfície como irmãos mais velhos.


Texto canalizado por
ANDRÉ LOURO, Outubro de 2001

15 agosto 2005

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Indefinível Religiosidade


Eu não sou ateu, ainda que não creia em Deus e não reze. Mas há em mim uma dimensão religiosa indefinível, para além de toda a fé. O crente identifica-se com Deus, o que pode compreender, mas eu sinto-me distante de tudo isso. Movo-me na linha divisória. A grande ideia do pecado original do ser humano é compartilhada por mim, mas não do modo como se pensa oficialmente sobre o assunto. Tanto a História como o homem são, queiramos ou não, produtos de uma catástrofe. A ideia do desvio do ser humano é imprescindível para se entender o desenvolvimento da História. Segundo essa ideia, o ser humano é culpado, não no sentido moral, mas por se ter envolvido nessa aventura.

EMILE CIORAN (excerto de entrevista à revista Kulturkronik de Bonn, 1995).


Para suportar a ideia da morte, é preciso ter sempre presente no espírito esta coisa tão simples e tão difícil de aceitar que é saber que somos constituídos por elementos, soldados uns aos outros por um momento e que apenas esperam para se separar. A ideia do “eu” como realidade substancial, tal como nos foi ensinada pelo cristianismo, é a grande fonte dos nossos terrores. Como efectivamente aceitar que cessa aquilo que parecia fazer sentido no seu conjunto?.





Cahiers, Éditions Gallimard, 1997
EMILE CIORAN(1911 - 1995).

12 agosto 2005

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Carta à minha criança ferida

Quase todos guardamos dentro de nós uma criança ferida que requer urgentemente a nossa amorosa atenção.
Ela só poderá ser resgatada através do amor e curá-la traz de volta a plenitude e o esplendor da criança divina em cada um de nós.


Carta à minha criança ferida

Vem cá, criança triste, vem ao meu regaço sem receios, pois calei a inquietude para te acolher, doce alma chorosa!
Aninha-te nos meus braços e deixa que beije durante muito tempo esss teus olhos de mel perpassados de melancolia. Fiquemos assim, juntas, atadas no nó deste amoroso abraço, enquanto lá fora tudo cessa de existir. Não há mais ruídos, nem provas, nem gestos de desamor. Nada importa, só tu e eu, meu anjo amado, num acto reparador.


Há muito que nos devíamos ter encontrado, mas a vida é mesmo assim: são precisos, às vezes, todos os desenganos para aprendermos a actuar no ponto mais nevrálgico.
Inspira comigo para que alcance as profundezas do teu ser, lá onde a inocência foi dilacerada. Inspira, amor, inspira...
Apesar das lesões, como és linda na simplicidade natural do teu existir, na expontânea credulidade da tua expressão!
Aquieta-te, amor...
Vá, escuta o sussurro calmante da minha voz e não chores mais que eu te acarinho como uma enorme folha aveludada, protectora como a sombra num dia estival.
Nada podes possuir que em ti não exista já, ninguém te pode levar o que te pertence per natura. Confirmo-te no que és, imutável e eterna.
Nada receies, meu anjo. Os encontros e desencontros, as lealdades e as traições são coisas de superfície e nem sempre representam o que parecem. És infinitamente amada, doce ser, expira comigo para que as dores se soltem, enquanto te aperto contra o meu coração e te asseguro e reconfirmo na tua inteireza.
Tens toda a minha atenção, sou só tua.
Canto agora uma berceuse ... embalo-te, pequenina, volta a ti em mim contigo e sossega. As raivas, os desenganos, o folclore exterior não nos pertencem, não nos devem portanto tocar. Regressemos assim amorosamente ao estádio anterior aos desajustes.
Teço com dedos lunares um casulo de sopro sagrado para que nele te aninhes e retemperes. Vá, meu anjo, inspira comigo para que te alcance nos secretos abismos das tuas dores e expira, amor, expira no meu ritmo para que as feridas sarem.

Embalo-te, pequenina, canto a tua berceuse favorita, aperto-te contra o meu coração a ti que és linda e doce e sem mácula, a ti em cujos olhos de mel me reencontro mais inteira e fortificada.

Agarremos o instante que passa para que o bálsamo perdure.
Meu anjo, meu amor, minha doce pequenina...


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

10 agosto 2005

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Caminhar quando toda a gente dorme

Caminhar quando toda a gente dorme foi sempre a grande tentação. O usual, o aprovado, o estabelecido, o esperado ou o previsível, nunca me alumiaram por dentro ou atearam o meu fogo vital. Repetir o velho fado, alegre ou triste, acaba por levar ao tédio e desmotivar, não obstante todos os aspectos de conveniência que possa apresentar, pois conduz ou a inexplicaveis angústias e mal-estar recorrentes e aprisionantes ou à paz podre.
Busco a outra face da vida, aquela que ainda se não apresentou, a que não figura em nenhum catálogo, aquela cujo reconhecimento e integração me hão-de permitir ver-me livre do Bem e do Mal, como conceitos separados e opostos. Por mais historietas que nos contemos, o pulsar energético aí está, cada vez mais óbvio na bipolaridade da sua composição: dia e noite, escuro e claro, vida e morte, bem e mal. A simultaneidade destas presenças opostas entra-nos hoje pela consciência dentro, de forma quase forçada, pois o anjo que nos alivia a tensão e adeja sobre a nossa alma com o sopro do alívio pode incorporar na hora seguinte os cruéis demónios da violência e da separatividade.

Assim, eu gosto de caminhar quando toda a gente dorme. De me aventurar no breu, de abrir o troço, a roça por onde ninguém antes passou e buscar os secretos recantos donde originam as germinações secretas, os velados começos que contêm a chave de manifestações futuras. Penetrar os espaços que me ensinaram a nem sequer imaginar e neles assistir ao convívio das forças ancestrais aliadas das trevas com as que, translúcidas e leitosas, ascendem como fachos dançantes aos céus que quase todos sonhamos. Diversas, opostas, aparentemente contraditórias mas complementares, elas proporcionam-me através da tensão existente uma mais segura plataforma de posicionamento em relação a tudo, em especial a mim mesma.

Como gosto de caminhar quando toda a gente dorme. Sentir o firme pousar dos meus pés feitos heróis, como os antepassados que ao desconhecido mar se lançaram, na hipnótica visão da descoberta. Esse é o legado que me interessa, o único que aceito e que integro na noção de mátria.
Minha Terra Portucalis do sentir, meu Espaço-Espírito-Santo ancorado algures na dimensão que ainda não baixou ou a que eu e os outros – os que forem para ser – ainda não subimos! Mátria nossa, doce porto de elevação e de assombros, o mero pressentir-te me emociona. Pois em ti residem, desde os primórdios dos tempos, a essência de se ser, o potencial de tudo o que de abarcante, visionário, mundividente e cósmico eleva o canto dos poetas e o retém nos éteres para nosso benefício.

Gosto de caminhar quando toda a gente dorme mas...onde estarei eu quando já ninguém dormir?


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

09 agosto 2005

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F É R I A S

Vim ontem para férias. Para a planície alentejana que me aquieta e que, nos primeiros dias, me causa uma sonolência reparadora. Cheguei cansada. De trabalho, problemas –meus e dos outros – psicologicamente esgotada. Passam-se muitas coisas todos os dias, os tempos requerem uma grande capacidade de sentir e de discernimento para não se errar…demasiadamente.
Amanhã vou recomeçar a escrever. Hoje, deixo aqui pensamentos de “poetas mortos”, base das minhas próprias reflexões.




A verdade é dura como diamante e delicada como a flor de pessegueiro.
MAHATMA GHANDI

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.
ALBERT EINSTEIN

A vida só pode ser entendida olhando para trás. Mas só pode ser vivida olhando para a frente.
S. KIERKEGAARD

A um rio que tudo destrói chamam de violento; mas ninguém chama violentas as margens que o aprisionam.
BERTOLT BRECHT

Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir.
SÉNECA

Ajuda o teu semelhante a levantar a sua carga, mas não a carregá-la.
PITÁGORAS

Nada jamais será tentado, se todas as objecções possíveis tiverem de ser superadas antes.
SAMUEL JOHNSON

04 agosto 2005

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A brisa da manhã, a azulada...

São tão difíceis os dias, como se a mão que se busca se tornasse inalcançável e dela nos restasse, apenas, o rasto de uma memória...

Quem me levou a brisa da manhã, aquela que é azulada ainda e nos refresca por dentro, antes do esforço diário?
Tão estranho o pesado silêncio que se substitui agora ao que era canto, canto, sempre canto...
Que estranhos, que alienados seres me roubam caprichosamente, sem propósito, o respirar conjunto que só o Amor legitimiza...?

A minha voz cala-se como se o espaço que era o seu tivesse sido assaltado e a ordem ancestral aniquilada.
Tudo preso por um fio, tudo alterado.
Mordisco rosas, afogo-me em rosas para não chorar.

E dou-vos rosas, as que o poeta pedia outrora, as que hoje invento.

Estou por aí, ando por aí, por tantas bandas, errante, errante como só eu.

Quem me levou a brisa da manhã, a azulada?
Por que se apaga, sem que eu o saiba, a luz da minha vida?

Calo-me. Vou recolher-me em mim.
Digo-me: esta é só uma hora mais dura.
Refloriremos...


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

03 agosto 2005

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O Bem e o Mal

Conheci o bem e o mal,

o pecado e a virtude, o certo e o errado;

julguei e fui julgado;

passei pelo nascimento e pela morte,

pela alegria e pelo sofrimento,

pelo ceú e pelo inferno;

e no final reconheci

que estou em tudo

e que tudo está em mim.



HAZRAT INAYAT KHAN (1882-1927)
Mestre Sufi

02 agosto 2005

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Chaves das Pleiades

Multidimensionalidade e o EU

Aqueles de entre vós que são antigos – os mestres a despertar – quando despertarem queremos que sejam capazes de enxergar através dos olhos da antiguidade e consigam acordar algo que já conhecem, algo de que se lembram, algo no fundo de vós. Vai ser necessário que acreditem, que confiem em vós mesmos. Terão de ser capazes de ver, de entender o que estão vendo, e de traduzir essa visão grandiosa para as outras pessoas. Atingirão a compreensão de uma vasta implosão de consciência que os levará a conhecerem quem sempre foram.
(…) vós sois o resultado do pensamento, o pensamento é e esta é a essência da compreensão, da manipulação e do trabalho no vosso mundo.
À medida que começarem a descobrir a história da vossa alma, a vossa identidade neste corpo particular – o “Eu” – pode parecer deveras insignificante. Possuem uma essência magnífica, cuja expressão neste planeta data de tempos muito remotos…
À medida que forem destruturando as vossas identidades, respeitem, acalentem e amem toda a variedade de identidades que constitui cada um de vós e não considerem nenhuma delas insignificante.
Podem continuar sendo o “Eu” quando for apropriado sê-lo. Então, quando a imensidão da energia desejar utilizar o vosso veículo físico como parte do plano para afectar a realidade, o “Eu” não será aniquilado, mas incorporado: isto é ser multidimensional. Isto é ser capaz de mover-se.


BARBARA MARCINIAK, Mensageiros do Amanhecer
Ed. Ground, 1992

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