ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

28 novembro 2005

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FAZ MAL VER TELEVISÃO

Encontramos cada vez mais referências aos efeitos prejudiciais que a televisão exerce sobre quem lhe dedica muito tempo de audiência. Acho que até há quem ache que fica bem dizer que não vê televisão, quando na realidade “papa” o que pode de telenovelas, reality shows, concursos, etc, desde que não tenha testemunhas que o possam comprometer.
Neste tempo que nos pede sobretudo clarificação, talvez fosse aconselhável começar por explicar às pessoas o porquê desta ideia a ganhar corpo de que faz mal ver muita televisão.

A actividade do cérebro humano, reflectora do seu estado, é medida através dos ciclos das ondas cerebrais, as quais se desenvolvem a diferentes velocidades originando assim padrões repetitivos a que chamamos frequência. Esta é portanto caracterizada pela velocidade a que se desenvolve, existindo quatro níveis de ondas cerebrais:
BETA – ligadas à actividade consciente e indicativas de um estado desperto e normal, à mais alta velocidade de ciclos por segundo.
ALFA – são muito mais lentas do que as ondas beta e constituem a ponte entre a alta frequência da mente consciente (ondas beta) e os estados teta e delta, muito mais lentos. Ao estado alfa acede-se facilmente através da meditação e do relaxamento e sempre que abrandamos o nosso ritmo e nos dispomos a desfrutar das coisas simples da vida como passeios na natureza. TETA – ondas ainda mais lentas e indicativas de actividade no subconsciente. DELTA – ondas muito lentas reveladoras da actividade inconsciente; estado caracterizado por profundas conexões psíquicas e altamente programável. Sono profundo. A mente inconsciente está ligada às memórias da mente cósmica a qual é activada quando todos os níveis d ondas cerebrais estão presentes simultaneamente.

Estudos científicos, durante os quais os sujeitos observados permaneceram ligados a uma máquina de encefalogramas (aparelho medidor das ondas cerebrais) enquanto viam televisão, demonstram claramente existir nesse período actividade nas frequências de onda delta, estádio altamente programável, como vimos.
Se pensarmos na muito fraca qualidade dos programas televisivos em geral, caracterizados por violência crescente, exacerbação do aparente e facilmente conquistável a nível material, exposição e estímulo do sexo na sua mais baixa frequência (ou seja, dissociado do amor) ao que acresce a prática de programação subliminar das audiências da qual estas parecem estar tão pouco conscientes e que é muitas vezes difícil de detectar, teremos sérios motivos de preocupação.

No cerne da questão, está a necessidade de expandir a nossa consciência, prestando atenção a tudo o que neste mundo nos procura programar no sentido de sermos peças controladas, amorfas, subjugadas, seres onde o espírito deixou de mostrar a sua claridade criativa. Para tal é preciso estarmos em consonância com as nossas capacidades e intuição, usarmos de discernimento, estabelecermos claras fronteiras entre nós e tudo o que encontramos e isso só é possível através de um amor próprio equilibrado e sadio e de sólidas referências interiores e exteriores.

É preciso saber quem somos, a que viemos e para onde nos queremos dirigir. Tornou-se óbvio que não serão as estruturas das sociedades que integram o paradigma ainda vigente que nos poderão orientar.
Só após a clarificação dos nossos espaços interiores, após a explicita afirmação do que queremos, que tipo de mundo desejamos construir é que poderemos avançar com propósito e verdadeira esperança.

Faz mal ver televisão, como faz mal não estarmos habituados a questionar o que nos é proposto diariamente como normal e desejável. Faz mal não ouvir essa voz interior que contraria o sorriso e as maneiras que nos ensinaram a transportar. Faz mal não chorar quando a dor aperta e não abrir o coração ante a dor e a necessidade do outro, só porque isso se torna inconveniente para a nossa pré-programada existência. Faz mal não ter tempo para ouvir o mar, ouvir o vento e sentir as folhas e a terra. Faz mal não sonhar, faz muito mal não saber amar, não querer aprender a amar…

Pois é, meus amigos, há tantas coisas que fazem mal e, se queremos transcender este estádio de existir, não há outra forma de o fazer senão começar. Pelo princípio. Não há atalhos!


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

05 novembro 2005

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Ego e Simplicidade

A simplicidade não é um desafio à altura do ego do homem; ao contrário da dificuldade e da impossibilidade que representam o desafio supremo. A dimensão do ego é mensurável e pode ser conhecida através da dimensão dos desafios que você aceita. Mas a simplicidade é pouco apelativa para o ego: a simplicidade representa a morte do ego.
Ao longo da História, o ser humano optou invariavelmente pela complexidade, mesmo quando esta era absolutamente desnecessária, com o único objectivo de fortalecer e fazer crescer o seu ego.
A própria psicologia está orientada de forma a favorecer o fortalecimento do ego. Até os idiotas dos psicólogos se empenham em demonstrar que o ser humano precisa de construir um ego forte. Assim, a educação é um programa que serve para o tornar ambicioso através da dicotomia do castigo e recompensa, conduzindo-o numa determinada direcção.
Até hoje, a simplicidade nunca foi um objectivo da sociedade. Nem pode ser um objectivo, visto que todos nós nascemos simples!
Todas as crianças são simples, tão simples quanto um quadro de ardósia imaculado. Mas um quadro que que cedo começa a ser preenchido pelas palavras dos pais – preenchido com instruções precisas. Seguem-se os professores, os padres, os líderes políticos – todos eles fazem questão de enfatizar o que uma pessoa deve ser para que não desperdice a vida.
A verdade é outra, precisamente contrária.
Você é um ser, e não precisa de se tornar alguém que não você mesmo. A simplicidade é isso mesmo: estar à vontade com quem se é, evitando trilhar o interminável caminho que é a conversão numa outra pessoa.


OSHO, O Livro do Ego
Ed. Pergaminho, 2005

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