ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

11 março 2006

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A CIRCUMNAVEGAR VÉNUS

A CIRCUMNAVEGAR VÉNUS
IRENA SCHÖN
Vernissage: 16 de Março, pelas 20h00
FOTOGRAFIA
16 de Março a 30 de Abril 2006


O PROJECTO Art for All tem o prazer de comunicar que inaugurará no próximo dia 16 de Março, no seu espaço em Cascais, uma mostra da artista fotográfica IRENA SCHÖN. A exposição constará de 15 obras, estará patente até ao dia 30 de Abril.
Nascida em Londres, SCHÖN cresceu no Canadá, onde a sua carreira passou por diferentes áreas artísticas, tendo sido bailarina, actriz, realizadora e reporter fotográfica. Durante os últimos quinze anos dedicou-se ao seu trabalho
como artista fotográfica, escritora e conservadora. Ensina fotografia na Universidade de Toronto e foi conservadora da Burton Gallery of Photographic Art em Toronto e das mostras Hands Dancing (Miner's Museum,Inverness) e Rare Earth (Acadia University, Nova Scotia).
A sua obra fotográfica está representada em inúmeras colecções privadas e como obra pública figura na colecção do Nova Scotia Art Bank e na da University College de Cape Breton.
O intenso simbolismo, a beleza das representações e a perfeição técnica do seu trabalho resultam numa obra de grande intensidade dramática e significativo apelo visual. Schön afirma, Sempre me fascinou a representação da personagem
feminina em termos visuais e todos os desdobramentos subordinados a estes tais como: dicotomia entre objecto e sujeito, conceitos de beleza, preocupações feministas, a fêmea como símbolo e metáfora universais (a mãe, a anciã, a virgem, a sacerdotisa, a deusa, etc.), referências históricas à forma feminina na arte (em particular os nus), características culturais atribuídas à mulher, e a linha fina que
separa o erotismo da pornografia.

Segundo Mariana Inverno,
Irena Schön recria, a partir do natural, a representação encenada dos mistérios da mulher. Filtra-lhe o
rosto e o corpo com véus ou com as águas, plasma-a no mundo natural ou fá-la dançar estonteante no fio do vento. Expõe-lhe a nudez,a graça, enquadrada no simbolismo da vida e da morte.
E, nesse continuado exercício de aprofundamento do feminino,comenta ainda, Feminino é a dança dos sentidos expostos e desnudos, num exercício erótico que, se se afastar do sagrado, logo se acerca de forma dramática do pornográfico.
Circumnavegar Vénus pressupõe a exímia arte de ler através dos nebulosos véus da representação, conhecer o toque essencial da poética feminina e abdicar do conhecido.


IRENA SCHÖN está disponível para entrevistas, a partir da véspera da vernissage (16 de Março).
Contacto: 21 484 64 00 ou artforall@netcabo.pt

PROJECTO Art for All
Avenida Costa Pinto, 91 - 1. Dto.
2750-329 Cascaisdetrás do Centro Comercial Cascais Villa)
Contacto: Astrid Bishop
Tel: 21 484 64 00
E-mail: artforall@netcabo.pt
PÁGINA DE IMPRENSA EM: WWW.ART-FOR-ALL.COM/PRESS/SCHON

02 março 2006

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AO SERVIÇO DE SUA MAJESTADE

Passeio de carro pelo reino de Cornwall. Montes rolantes, neve e sol.
A rádio clássica passa a intervalos regulares o anúncio seguinte:
Se você tiver conhecimento de alguém que não tenha registado o seu negócio para fins fiscais sob o governo de Sua Majestade, queira informar-nos (nºde telefone). Não precisa de se identificar!
A voz da locutora é suave, pausada, a pronúncia das palavras perfeita.
Segue-se Debussy e o dia continua.


Fico-me silenciosa a remoer o significado do incitamento dos cidadãos a dois crimes, para mim capitais. O primeiro: denunciar o amigo, o vizinho, o familiar, o conhecido, mesmo o desconhecido. Denúncia.
O segundo: não dar a cara, uma cara velada pelo fedorento véu da cobardia, ao mexer impunemente na vida dos seus concidadãos.
Tudo ao serviço do governo de Sua Majestade.

Se eu tivesse sido formatada por um ambiente de grosseria e calão, seguramente que a minha indignação faria sair da minha boca, neste momento, o apropriado chorrilho de impropérios. Como não é o caso, escrevo esta pequena crónica na esperança de que alguém a leia e partilhe comigo a necessidade de trabalhar no despertar das consciências.
Eu nasci e cresci num país que viveu sob um regime fascista até eu ser uma jovem adulta, conheço por demais os métodos e as teias das polícias secretas. PIDE. Bufos. Medo. Denúncia e medo. Conheço a cor da desconfiança e do medo, a cor da traição.
Como é que nos nossos dias nos deixámos levar desta maneira?
Como foi que permitimos que a dormência se instalasse desta forma e que um Big Brother viciado e viciante tente controlar a nossa consciência de forma descarada?
Como é que num país dito civilizado, democrático, um país onde num ainda recente passado se defendiam os mais altos e nobres valores, podem estar a acontecer coisa destas?

O que é que eu posso fazer, contrapor a esta barbaridade?
Só disponho da palavra e ela representa, numa situação como esta, o meu único poder.
Assim, daqui incito todas as consciências despertas a denunciarem, dando a cara, que na mais conhecida estação de música clássica de Inglaterra, acontece a intervalos regulares um crime grave: servidores do governo de Sua Majestade incitam descaradamente os cidadãos à denúncia cobarde. Incito a que nos lembremos que não somos por natureza peças amorfas de uma engrenagem que pretende ditar a nossa conduta moral.
Que o nosso poder pessoal não pode, não deve ser transferido para ninguém. Emerge da nossa essência, da nossa inata capacidade de discernimento, de escolha. Saibamos estar atentos a quando permitimos ao outro (seja ele pessoa, estado, império) substituir-se à nossa própria capacidade de decidir e de actuar.


É este e apenas este o poder da minha palavra. Serve valores como a integridade, o respeito pela concidadania e a liberdade.

Esta é a minha palavra. Ninguém a poderá calar!


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

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