EVANGELHO SEGUNDO JUDAS é apresentado ao público
da France Presse, em Washington
Após ter estado desaparecida por 1.700 anos, a única cópia conhecida do Evangelho Segundo Judas, autenticada e apresentada pela primeira vez ao público nesta quinta-feira, lança uma nova luz sobre o apóstolo que supostamente traiu Jesus vendendo-o aos romanos.
O manuscrito de 26 páginas em papiro, escrito em dialecto copta, foi apresentado pela revista americanaNational Geographic, na capital americana. O documento, cópia de uma versão mais antiga redigida em grego, foi autenticado como sendo do século III ou IV.Ao contrário da versão dos quatro Evangelhos oficiais, o texto em questão indica que Judas era um iniciado que traiu Jesus a pedido dele próprio, e para a redenção da Humanidade.
A principal passagem do documento é atribuída a Jesus, que diz a Judas: "Tu superarás todos eles. Tu sacrificarás o homem que me cobriu." Segundo exegetas, a frase significa que Judas ajudará a libertar o espírito de Jesus de seu invólucro carnal.Essa descoberta espectacular de um texto antigo, não bíblico, é considerada por especialistas uma das mais importantes actualizações dos últimos 60 anos no que se refere ao nosso conhecimento sobre a História e a diferentes opiniões teológicas sobre o começo da era cristã", disse Terry Garcia, vice-presidente-executivo da revista americana.
A existência desse Evangelho foi comprovada por Santo Irineu, primeiro bispo de Lyon, que o denunciou num texto contra as heresias em meados do século II.
"A descoberta surpreendente do Evangelho de Judas afecta a nossa compreensão sobre o início do cristianismo", disse Elaine Pagels, professora de religião da Universidade de Princeton e uma das grandes especialistas mundiais em Evangelhos. "Essa descoberta derruba o mito de uma religião monolítica, e mostra o quão diverso e fascinante era o movimento cristão no seu começo", assinalou.

Acredita-se que o manuscrito, encadernado em couro, tenha sido copiado por volta do ano 300 d.C.. Ele foi descoberto na década de 1970, no deserto egípcio de El Minya. Circulou entre vendedores de antiguidades, até chegar à Europa e, depois, aos Estados Unidos, onde permaneceu no cofre de um banco de Long Island durante 16 anos, até ser novamente comprado no ano 2000, pelo antiquário suíço Frieda Nussberger-Tchacos.

Após a restauração do documento, o trabalho de análise e tradução foi confiado a uma equipe dirigida pelo professor Rudolf Kasser, aposentado pela Universidade de Genebra. O documento será mantido agora num museu do Cairo.

O documento foi traduzido para inglês, alemão e francês.
2 Comments:
Penso que o antiquário é uma antiquária...
beijinhos e obrigada pela informação excelente e oportuna...
Rleonor
Obrigado, Rosa, pelo reparo.
Penso que a utilização da palavra no génro masculino é ainda resquício do império dos homens no mundo destes negócios de antiguidades. Sector moribundo, também...
Um abraço
Mariana
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