ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

25 fevereiro 2004

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OS NOSSOS SENTIMENTOS


Os sentimentos são a expressão do florescimento ou do sofrimento humano, na mente e no corpo. Os sentimentos não são uma mera decoração das emoções, qualquer coisa que possamos guardar ou deitar fora. Os sentimentos podem ser, e geralmente são, revelações do estado da vida dentro do organismo. São o levantar de um véu no sentido literal do termo. Considerando a vida como uma acrobacia na corda bamba, a maior parte dos sentimentos são expressões de uma luta contínua para atingir o equilíbrio, reflexos de todos os minúsculos ajustamentos e correcções sem os quais o espectáculo colapsa por inteiro. Na existência do dia a dia, os sentimentos revelam, simultaneamente, a nossa grandeza e a nossa pequenez.

ANTÓNIO DAMÁSIO
“Ao Encontro de Espinosa”, Publicações Europa-América, 2003 (2ªedição)


22 fevereiro 2004

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ALMAS CONHECIDAS


Recebi com alegria e dedicado a uma "alma conhecida", um exemplar de "Cânticos", últimas e gloriosas palavras poéticas que essa outra alma conhecida, Cecília Meireles, nos deixou na sua recente passagem por esta dimensão.
Em verdade, só se pode amar aquilo que se (re)conhece...






III
Não digas onde acaba o dia.
Onde começa a noite.
Não fales palavras vãs.
As palavras do mundo.
Não digas onde começa a Terra,
Onde termina o céu.
Não digas até onde és tu.
Não digas desde onde é Deus.
Não fales palavras vãs.
Desfaze-te da vaidade triste de falar.
Pensa, completamente silencioso.
Até a glória de ficar silencioso,
Sem pensar.




V
Esse teu corpo é um fardo.
É uma grande montanha abafando-te.
Não te deixando sentir o vento livre
Do Infinito.
Quebra o teu corpo em cavernas
Para dentro de ti rugir
A força livre do ar.
Destrói mais essa prisão de pedra.
Faze-te recepo.
Âmbito.
Espaço.
Amplia-te.
Sê o grande sopro
Que circula...


CECÍLIA MEIRELES (1901-1964)
Cânticos, 2002, Editora Moderna, São Paulo (25ª impressão)






09 fevereiro 2004

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A ENERGIA DE KRYON

Engenheiro Planetário
"A verdade procura o seu nível mais elevado.
Se o trabalho é puro, ele expande-se.
Usem a vossa intuição e discernimento. Quando leres informação canalizada, ela deve “vibrar” em ti. Se não vibrar, não dês grande importância.
A informação deve ser útil para toda a Humanidade. A mensagem deve ser inspiradora. Atenção às mensagens autoritárias. O Espírito (Deus) jamais canaliza uma mensagem para que renunciem ao vosso livre-arbítrio. O Espírito nunca se apresenta a um canalizador como única fonte.



A Terra é um “teste energético” e são os Humanos que fazem o trabalho.A expressão “véu” indica que algo está oculto, e assim é. As entidades que trabalham connosco são interdimensionais. Normalmente não as podemos ver na nossa realidade (Scientific American). Significa isto que estamos a “ver” menos de metade do que a ciência reconhece.


Chegou o momento de reconhecermos que Deus não está vinculado a nenhum sistema espiritual humano, nem a nenhuma doutrina, nem a nenhum profeta. Deus é o Deus do Universo – um espaço vasto e inimaginável – e não só da Terra.!




Nunca, na história da Humanidade, houve um tempo em que os Humanos se autorizaram a encontrar o centro da sua própria verdade espiritual. Por outras palavras, acendeu-se (agora) uma luz na escuridão da nossa realidade. Estamos a começar a descobrir coisas que sempre existiram, mas que se mantiveram escondidas na sombra. Isto implica a promessa de sermos capazes de criar o início da paz na Terra ou, tal como Kryon disse, “A Nova Jerusalém”.
… estamos acostumados a seguir um líder, praticamente em todas as circunstâncias. Temos uma nova Energia no planeta que permite a co-criação, de uma forma que nunca tivemos antes.




…temos uma ideia muito pobre acerca do que somos.
Os seres Humanos têm baixa auto-estima devido à baixa vibração do planeta em que nasceram. Temos de sair deste paradigma.
Kryon gostaria de informar de que “não somos uma igreja, não temos guru, não angariamos membros. Acreditamos no intercâmbio das energias que permitem o nosso sustento. Nós promovemos uma doutrina e não queremos seguidores.
…o que está por vir é o que decidirmos que vai acontecer. Isto não quer dizer que tenham de mudar de Igreja ou de crenças. É, apenas, um convite para que mudem a vossa visão acerca de vós mesmos. Vocês são criaturas divinas com um propósito, com uma via directa para o amor incrível de Deus.
Com este tipo de poder, podem mudar o planeta."


Fragmentos da entrevista de Lee Carroll (canal da energia autodenominada KRYON) à revista Más Allá, Dezembro 2003
(Tradução de Vitorino de Sousa)

05 fevereiro 2004

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CAMPOS MORFOGENÉTICOS

…perceber o invisível no visível.
PARACELSO


Quando, em finais do século passado, foi publicado na Grã Bretanha, um livro intitulado “A New Science of Life” de um jovem biólogo chamado Rupert Sheldrake, a prestigiada revista científica NATURE considerou-o como “o melhor candidato à fogueira, desde há muito” e as suas teorias uma perda de tempo.
Sheldrake, que então ensinava na Universidade de Cambridge, avançou com a teoria dos CAMPOS MORFOGENÉTICOS, os quais, no seu entender, permitem a transmissão de informação entre organismos da mesma espécie sem utilização de espaço e tempo. Isto pressupõe que dentro de cada espécie do universo – seja ela de partículas, galáxias ou de seres humanos - existe um vínculo que pode actuar instantaneamente num nível subquântico fora do espaço e do tempo. É a este vínculo que Sheldrake chamou campo mórfico ou morfogenético.
Graças aos campos morfogenéticos, basta um único indivíduo de uma espécie ter uma experiência nova para a sua espécie que imediatamente o conhecimento dessa experiência passa a ser conhecida, por um tipo de contaminação misteriosa, por toda a espécie.

Dado que a ciência institucional se tornou tão conservadora, tão limitada pelos paradigmas convencionais, alguns dos problemas mais importantes são ignorados, tratados como tabus ou relegados para último lugar na agenda científica, afirma o iluminado Sheldrake que, com a coragem dos seres anunciadores de um mundo novo, tem continuado as suas experiências e trabalhos à margem de uma sociedade científica obsoleta. Nada mais natural que, um dia, uma instituição como o Prémio Nobel, se veja obrigada a reconhecer a contribuição inestimável da sua teoria para a compreensão do funcionamento da natureza e do próprio ser humano.

MARIANA INVERNO

Livros do autor recomendados

- The Rebirth of Nature: The Greening of Science and God, Century Books, 1990
- A New Science of Life: The Hypothesis of Morphic Resonance,Inner Traditions International, 1999
- The Presence of the Past: Morphic Resonance and the Habits of Nature, 2000
- Chaos, Creativity and Cosmic Consciousness, Inner Traditions International, 2001
- Seven Experiments That Could Change the World: A Do-it-yourself Guide to Revolutionary Science, Inner Traditions International, 2002
- The Sense of Being Stared at, Hutchinson, 2003


Na LOJA ART FOR ALL poderá adquirir a seguinte edição portuguesa de uma das obras de Rupert Sheldrake.

03 fevereiro 2004

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O PODER DO RISO ENTRE MULHERES





Dedico este artigo à minha amiga Rosa Leonor e ao seu corajoso site
MULHERES & DEUSAS.




BAUBO
A DEUSA DO RISO


…quem tem a coragem de rir é senhor dos outros…
G. LEOPARDI(1798-1837)


Sou por natureza muito séria, atenta ao lado mais profundo das coisas.
Em consequência e por compensação, tocam-me sempre de forma especial as pessoas que me fazem rir pelo efeito refrescante e regenerador que o riso espontâneo exerce sobre quem o experimenta.
Guardo assim um carinho muito especial pelo mito de Baubo, essa deusa menor da Antiguidade Clássica, hoje praticamente desaparecida. Não será alheio a isso o facto de os patriarcas desconfiaram sistematicamente de quem se ri, principalmente se for mulher. É aliás conhecido o efeito inquietante que, em geral, um grupo de mulheres à conversa e em risota entre si, tem sobre os homens. Estudiosos do rir têm vindo a sugerir a relação entre o mesmo, a sexualidade feminina e a recuperação do equilíbrio, pois o rir entre mulheres representaria o lado oculto da sua sexualidade.
O mito de Baubo tem paralelo com o de Uzume, a deusa japonesa da alegria e da dança, presente em primeiro plano no mito mais antigo do Japão. Essencialmente, o elo entre ambas as divindades resulta de as duas causarem, através do riso, um efeito balsâmico sobre situações desesperadas.

Na sequência do rapto de sua filha Perséfone por Hades com a conivência de Zeus, seu pai, Demeter abandonou desesperada o Olimpo.
Disfarçada de anciã, percorreu a Terra em busca da filha desaparecida e, nesse processo, apresentou-se a Metamira como candidata a ama do filho que esta acabara de dar à luz. A deusa estava possuída, porém, de uma dor sem fim e nem a visão do bebé conseguiu retirá-la do seu mundo de tristeza e silêncio. Limitou-se a aceitar a cadeira que a criada Baubo lhe ofereceu mas recusou-se a aceitar qualquer alimento.
Foi justamente Baubo quem, com as suas brincadeiras e graças aparentemente obscenas, conseguiu arrancar Demeter do pesar profundo em que se afundara. Ao dançar comicamente diante da deusa, Baubo levantou a certo ponto as saias e mostrou-lhe a vulva num gesto brincalhão. A enlutada Demeter quebrou o silêncio e começou a rir. Riram muito, riram juntas e assim começou o processo curativo da frustrada mãe.

O gesto de Baubo, indecente na aparência, reporta-nos a uma era matriarcal remota em que a zona púbica da deusa simbolizava a porta sagrada e a origem da vida, sendo o triângulo invertido um símbolo sagrado, como se sabe. Ao recordar a Demeter de forma brincalhona o seu poder como mulher, Baubo estimulou-a à recuperação de forças para prosseguir em busca da filha que eventualmente recuperou. Este comportamento ancestral e perdido na memória dos tempos foi incluído em muitas representações artísticas desde tempos imemoriais até à Idade Média e e era parte integrante dos Mistérios que se celebravam em Eleusis, durante dois mil anos e até à destruição do santuário, no século IV da era Cristã.
Num tempo decadente e automatizado como o nosso e em face do uso e abuso obsceno da imagem feminina, torna-se especialmente importante resgatar e difundir este mito que, nas palavras de Jean Shinoda Bolen, representa “a recordação vaga e subvalorizada de que as imagens da sexualidade e da fertilidade da mulher são sagradas e não lascivas.”


MARIANA INVERNO

Livros recomendados:

Jean Shinoda Bolen, Goddesses in Older Women, Quill, 2002
Winifred Lubell, The Metamorphosis of Baubo: Myths of Woman’s Sexual Energy, Vanderbilt University Press, 1994


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