ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

28 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

AISLAMIENTO INTERNO

NUESTRO DESIERTO ES UN AISLAMIENTO INTERNO, PROVOCADO POR NOSOTROS MISMOS

La soledad grita, exige su lugar y no hay que permitirle que sea la protagonista de ninguna vida.


DESERTO Te Won Gallery

(....)Esta soledad que se define como tener la impresión de que uno no cuenta para nada, es estar aislado cuando hay otros cerca. Y sentirse solitario es un estado depresivo de la mente que nadie desea, es una queja interior que llena todo nuestro ser, esperanzas, ambiciones, sueños, etc.
(...) La soledad es una enfermedad del corazón. Su reflejo no es forzosamente la escasez de contactos humanos, es que en el fondo esa persona no encuentra el sentido de su vida, el proyecto que en algún momento imaginó y no ha conseguido; que tenía y se le ha derrumbado o mejor, ni siquiera ha tenido ocasión de exponerlo, porque se ha visto envuelto en una perfecta organización, de la que no ha podido liberarse.



Hay que ir a romper esse caparazón que se há colocado el hombre en la sociedad nuestra. A veces nuestro desierto es un aislamiento interno, provocado por nosotros mismos.
(...)Nuestro ostracismo está en nosotros, en el interior donde le hemos dado cabida conscientemente y poco a poco se ha situado, sin tiempo.


MERCEDES EGUÍBAR, La Nueva Identidad Femenina,
Ediciones Palabra, 2003

CounterCentral hit counter

NORMOSE

Patologia da normalidade


SERGEI CHEPIK

Quando um paradigma de valores deixa de dar resposta às necessidades de uma sociedade instala-se uma crise que levará inevitavelmente a um novo paradigma. No processo de transição, no entanto, imperam as cruas forças da violência, dos extremismos, da corrupção, do fanatismo e do desamor. Em tal contexto patológico que, quer queiramos quer não, é o do mundo onde vivemos, ser normal significa adoptar um comportamento de adaptação ao contexto patológico reinante. A esta “doença”, tão terrível quanto subtil, o sociólogo e antropólogo Roberto Crema chamou normose.

A maioria, moldada e automatizada pelo estado civilizacional a que chegámos, deixa-se guiar por um paradigma ultrapassado e profundamente ameaçado pelas novas forças emergentes. Isto dá origem, na visão de Crema, a uma disfunção normótica.
Este interessante ponto de vista, leva-nos à velha questão da evolução da consciência e do esforço continuado que nós, seres humanos incarnados, temos de realizar todos os dias em nós mesmos, de forma intencional e atenta. Não chega corresponder ao que se espera de nós como “seres periféricos”(personagens da trama humana de superfície). Torna-se até indesejável se se traduzir apenas nos efeitos da normose que não é mais que insanidade colectiva ou desequilíbrio institucionalizado.

Há que aprender a escutar as vozes interiores, íntimas e originais, tantas vezes indicadoras de trilhos nunca antes experimentados, que quase sempre nos conduzem, se seguidas com a inteligência do coração, a uma plenitude do ser.
Basta de reprimir a alma, companheiras e companheiros, neste mundo contagiado pelo sindroma da normalidade!
Cada ser humano alberga infinitas possibilidades de vir a ser algo de completo em si mesmo, não um tosco apontamento de pessoa. Temo que, na escalada evolutiva, sejamos ainda e só, um embrião de alguma coisa que deveria ser mas não é, porque tolhido e coagido no seu desenvolvimento expontâneo pelos agentes sociais e políticos, na sua maioria profundamente castrantes do impulso criativo que cada ser alberga naturalmente.

Atrevamo-nos à diferença, alcemos asas entre o céu e a terra, inventemos o Canto Novo que nos há-de embalar no Grande Salto quântico expansivo da consciência!

MARIANA INVERNO

25 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

REINVENTAR O FOGO

Quando os seres humanos domarem as ondas, os ventos, as tempestades, os furacões, quem sabe não dominarão também as forças do amor? Então, pela segunda vez na história da humanidade, teremos inventado o fogo!
TEILHARD DE CHARDIN (1881-1955)



HEART
"Zitto Images"


Penso todos os dias no estado paradoxal do nosso estadio actual de seres humanos “servidos” por tecnologias crescentente e aceleradamente mais sofisticadas e, por definição e em consequência, libertadoras em termos de disponibilidade para sermos mais quem somos e de acessibilidade, por exemplo, à vastíssima e incomparável fonte de referências e informação que é a internet.
Por outro lado, não posso deixar de constatar que o ser humano parece hoje mais perdido e automatizado do que nunca, escravo das tecnologias que inventou e do dinheiro que elas geram, possuído de ansiedades de várias ordens: consumista, informacional e de eterno rejuvenescimento físico, entre outras.
Chego sempre à mesma conclusão: a evolução tecnológica tem triunfado desvinculada da consciência do que somos, de quem somos, para onde caminhamos. Tem tido lugar à margem dos afectos e da solidariedade social. Assenta num saber acumulativo, um conhecimento de “superfície” que em nada toma em conta o ser interior, cada vez mais empobrecido. Assim, os triunfos civilizacionais que hoje se vivem denotam uma utilização irresponsável dos fantásticos meios tecnológicos ao nosso dispôr, pela falta de consciência alargada de quem os utiliza.
Como fazer, então? A água não corre uma segunda vez debaixo da ponte e eu estou tão emaranhada na teia das nossas ilusões como quase toda a gente. Mas lá sobrevem um ou outro momento de lucidez em que vou pensando em possíveis soluções, dentro da transitoriedade de tudo: aos mais velhos cabe um esforço acrescido de aceleração do seu crescimento interior na coragem de questionar os velhos sistemas – social, educacional, religioso e político - obsoletos e quase sempre nefastos, um esforço de confrontação com a alienação colectiva e os fanatismos vigentes. O resultado é, regra geral, uma abertura de coração que se inclina com humildade perante o aprendizado que a marcha de cada um gera inevitavelmente. Aos mais novos, tudo isto e ainda o vigor e o entusiasmo que a sua subjectiva percepção da vida e da morte lhes confere.
Os jovens sofrem na pele a natureza contraditória e paradoxal do mundo que habitam, mas isso deve ser visto e acarinhado como a sensibilidade daquele que está aberto à palpitação da alma da humanidade e não se fecha mais em mundos ficcionais do que parece bem ou deve ser porque sempre foi assim.
Urge, irmãs e irmãos terrenos, religar o conhecimento cientifico ao amor, redistribuir os meios disponíveis de forma equitativa, urge ousar ser com os cuidados que a pessoa verdadeiramente temerária sabe ter.

Urge reencantar a Vida. Inventar, pela segunda vez, o fogo!


MARIANA INVERNO

24 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

SER INTERNO



Não corras,
não tenhas pressa.
Aonde tens que ir
é só a ti...


Juan Ramón Jiménez (1881-1959)
Poeta espanhol, prémio Nobel da literatura em 1956

22 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

A ARTE DE VIVER EM PAZ


Peace Dove
CORINNA LYON


"é nas escolas da Terra que se moldará a nova consciência, capaz de por um termo a toda a violência".
Nunca estivemos tão perto da Paz. Mas, ao mesmo tempo, jamais ela nos pareceu tão distante. Já podemos curar doenças que até há bem pouco tempo eram terrivelmente mortais. Das pranchetas dos cientistas brotam animais e plantas que a natureza não criou.
(…)
Ao olharmos em volta, porém, damos de cara com os terríveis subprodutos desse desenvolvimento: miséria, violência, medo.

A humanidade atingiu o limiar de uma nova era e vive, agora, uma espécie de dor do crescimento. Deixamos de ser crianças, mas ainda não sabemos nos portar como gente grande. Acumulamos conhecimentos em quantidade. Mas, sem sabedoria para usá-los, podemos destruir-nos e ao mundo que habitamos.

Felizmente, uma nova consciência está se estabelecendo no espírito de grande parte das pessoas. Ela inspira outra maneira de ver as coisas em ciência, filosofia, arte e religião. Somos os espectadores e os actores principais de mais este acto da "comédia humana."

Trata-se de um momento de síntese, integração e globalização. Nesta fase, a humanidade é chamada a colar as partes que ela mesma separou nos cinco séculos em que se submeteu à ditadura da razão.
(…)
Esse esforço começa a se fazer necessário porque a crise de fragmentação chegou a limites extremos e ameaça a sobrevivência de todas as formas de vida sobre a Terra.


Monumento Rotario a la Paz

A VISÃO FRAGMENTÁRIA DA PAZ

A toda acção corresponde uma reacção. Essa verdade cristalina é frequentemente ignorada pela cultura da fragmentação. Assim, é interessante observar como sujeito e objecto, nessa visão do real, estão sempre irremediavelmente separados, do mesmo modo que causa e efeito.

Os perigos de tal concepção são evidentes, e os exemplos, inúmeros. Comportamo-nos como se pudéssemos cortar todas as árvores, como se tivéssemos salvo-conduto para destruir rios e oceanos sem que o planeta nos puna pela ousadia.

Nas relações com os outros homens não é diferente: somos agressivos com as pessoas que nos cercam e reclamamos quando elas nos ferem. Agimos como se nossos actos não tivessem consequências, como se as nossas vítimas não pudessem jamais reagir.

Essa visão fragmentária do real bem que poderia ser chamada de "cultura da irresponsabilidade", na medida em que reforça uma confortável mas perigosíssima cegueira sobre as relações entre o sujeito e o objecto.

A paz está dentro de nós.
Ou então não existe.
Se é no espírito dos homens que começam as guerras, então, como disse Robert Muller em 1989,
é nas escolas da Terra que se moldará a nova consciência, capaz de por um termo a toda violência.

PIERRE WEIL, "A Arte de Viver em Paz"

20 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

VOAR



Que é voar?


Que é voar?
É só subir no ar,
levantar da terra o corpo, os pés?

Isso é que é voar?
Não.

Voar é libertar-me,
é parar no espaço inconsistente
é ser livre, leve, independente
é ter a alma separada de toda a existência
é não viver senão em não - vivência.

E isso é voar?
Não.

Voar é humano
é transitório, momentâneo...

Aquele que voa tem de poisar em algum lugar:
isso é partir
e não voltar.


ANA HATHERLY

19 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

MÃO NO CORAÇÃO


Muitas vezes é-me perguntado como é, como vai ser essa ORDEM NASCENTE que me inspira…
E eu fico assim, com vontade de agarrar a mão daquele que me interpela e colocá-la sobre o meu coração, enquanto a minha carinhosamente sente o seu. E ficarmos em silêncio, deixando pouco a pouco cair as supérfluas e hipócritas máscaras da vida-faz-de-conta que em tantos aspectos herdámos deste longo caminho que a humanidade tem percorrido até hoje.
Emociona-me a humanidade - a sua marcha errante que é a minha, o sofrimento e os enganos, que são os meus, a sua luta pelo passo mais à frente, que é a minha…
Não nos dissociemos falsamente do que criámos, assumamos humildemente o desamor, o desvio, a inércia…
Escutemos a Vida que nos pede, encarecidamente, o grande salto!
A Vida…in extremis!


MARIANA INVERNO

17 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

POESIA


RASSOULI

Existe mais poesia no olhar de quem ama de que em mil poemas que se escrevam, mas nem por isso devemos deixar de escrever mil poemas para mostrar ao mundo o que esse olhar dizia...
POETRY CAFÉ




Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento…
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural…

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva…

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica…
Assim é e assim seja…


ALBERTO CAEIRO

16 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

O NOVO SENTIDO DA EXISTÊNCIA


IAN TOOROP, The Three Brides


Lembra-te que tu estás numa hora excepcional,
de uma época única e que tu tens esta grande
alegria e este inestimável privilégio de assistir
ao nascimento de um mundo novo!


AUROVILLE




Nada existe de pensável que não arranque a sua origem de uma origem comum a tudo o outro que de pensável exista; floresce por terra e céus um jardim cuja raiz é a mesma; o que se faz por um ou outro lado, por mais diferente que pareça, não é senão aspecto diferente da mesma essência e da mesma existência de Deus.
(…)
O que se quer é a totalidade de um homem (ser humano) em potência lutando pela totalidade do homem em acto; o ser batendo-se pelo seu direito de ser; e continuamente protestando, pela cuidadosa observância dessa sua totalidade, contra os que vêm e, segundo as velhas artes demoníacas, de novo querem separar o que se viu unido.
(…)
No fim de contas já é tempo de que a atitude a tomar seja uma atitude de conjunto e não uma atitude de fragmentação. Demasiada tendência temos nós tido, levados por interesses, por impulsos e pelo tal peso das fatalidades, para ingressarmos num grupo contra outro grupo, para nos alistarmos naquela política de cabila que em geral encontramos em todos os países da Terra.
Chegou a hora de irmos por um caminho diferente…

AGOSTINHO DA SILVA, “Textos e Ensaios Filosóficos”
Círculo de Leitores, 2002



12 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

ALINHAMENTO CÓSMICO




Eu quero o que Tu queres, essa era, é, a grande aprendizagem
a integrar,
eu quero o que o Universo quer para mim,
assim, simplesmente, pondo de acordo o querer individual com o querer eterno…
Deixar-se ser
e por ser amar e livremente criar.

Nessa entrega os limites são alargados, os limites pessoais que
condicionam a inspiração ao conhecido, ao por outros experimentado,
quando à nossa frente há todo o desconhecido a experimentar,
todo o não concebido a conceber, a formular,
quanto mais próximo se chega
do ponto fixo e eterno, da prometida união,
da fonte do saber onde tudo existe desde sempre,
de onde tudo surge e pode ser,
de onde a criatividade brota como seiva em tronco verde
a rebentar em folhas, a exprimir-se em flores,
a ser o fruto e a semente de novos troncos
e novas flores.

O segredo é o do alinhamento com o cosmos
É o do querer alinhado ao mais vasto querer.

ANTÓNIA DE SOUSA, in “OS PORTAIS DO TEMPO”
Edição PROJECTO Art for All, 2001
Á venda na LOJA ART FOR ALL

(Loja online)


11 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

CONSCIÊNCIA E NOVA HUMANIDADE




Rune MANNAZ (o "Self")



No site MULHERES & DEUSAS (www.rosaleonor.blogspot.com) apareceu hoje este inspirador pensamento do filósofo romeno EMIL CIORAN que não resisti a transcrever aqui e comentar, pela sua pertinência no trabalho para a Ordem Nascente.


"Aquilo que procuramos, aquilo que buscamos no olhar dos outros, é a expressão servil, um fascínio não dissimulado pelos nossos gestos e as nossas elucubrações, a confissão de um ardor sem pensamentos reservados, o êxtase perante o nosso nada."
EMIL CIORAN



O pensamento do Cioran, nesta área, como em geral todas as outras, remete-nos
para a miséria da condição egóica, estática, redutora, banal e profundamente paralisante
do ser humano relativamente ao seu processo evolutivo.
Todos, de uma forma ou de outra, em maior ou menor grau e sem excepção, andamos por aqui.
Ou seja, recebemos invariavelmente conforto do aval dos outros ao que emitimos
e reagimos, por vezes violentamente, à contestação (ao espelhamento afinal)
da nossa conduta e pensamento manifestos.
Este é um tema da maior relevância e que urge trabalhar no sentido do salto indispensável para a Nova Humanidade!
É verdade que, quando nos aventuramos por um caminho de maior verdade
os sinais vermelhos do perigo aparecem por todos os lados mas, como disse
o muito inspirado Oscar Wilde,


“Uma ideia que não é perigosa não merece ser considerada uma ideia”.


Mariana Inverno

CounterCentral hit counter

CAMINHOS INTERIORES




Nunca perguntes o caminho a alguém que o conheça,
pois assim não te poderás perder.

RABI NAHMAN DE BRASLAU (séc.XVIII)






Sacudir as pessoas, tirá-las do seu sono,
cientes de que quando acordam nada temos a propor-lhes.

EMIL CIORAN




07 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

Uma religião é uma arte do consolo. Quando o cura vos diz, a vós que estais na aflição, que Deus se interessa pelo vosso infortúnio, isso é um consolo cujo equivalente, em eficácia, não se encontrará nunca numa doutrina secular. Uma vez liquidado o cristianismo, perguntamo-nos como se comportarão os seres humanos nas suas provações. Talvez que, no futuro, a necessidade de consolo se faça sentir menos e que, tendo a esperança diminuído, o seu contrário decrescerá do mesmo modo.

EMIL CIORAN, Cahiers 1957-1972, Éditions Gallimard, 1997

CounterCentral hit counter


Sinto de ti uma saudade imensa, maior que a
distância e o tempo, pois tempo ela não ousa,
espaço ela não vive. Sinto de ti uma saudade imensa.

De palavras no meio da noite, de conchas que ouviam
como ao mar, as vagas de meu pranto recolhidas,
do afago incessante nos meus sonhos,
um vento cálido que velava a alma,
acalentando o cansaço de meus dias.

Sinto de ti uma saudade imensa, longa como meus olhos
que se perdem, pois olhos ela não conhece,
e perda sempre foi. Sinto de ti uma saudade imensa...

De teus desejos e rimas, de palavras que sorriam
como o sol na madrugada em mim.
E a lua-rede aos nossos corpos
mais que escritos em nós mesmos.

Sinto de ti uma saudade imensa... e penso: não existe onde...
o quando é infinito. Neste espaço lento da demora,
pergunto ao sonho de um ainda: quem, neste vazio tão triste,
soprou o sempre e apagou o horizonte?

LÍLIA CHAVES

CounterCentral hit counter

O SER INTEGRAL



O ser integral conhece sem ir, vê sem olhar e realiza sem fazer.

PORTAL DO ESPÍRITO



POESIA E ORAÇÃO






A poesia que se acerca da oração é superior não só à oração mas também à própria poesia.

EMIL CIORAN, Cahiers1957-1972,Edicões Gallimard, 1997







03 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

O SENTIDO PROFUNDO DO EGO

Ao ascender na escala cósmica, ao despertar para novos e cada vez mais espiritualizados estados de consciência, o ser humano ultrapassa o seu egocentrismo. O altruísmo passa a ocupar o lugar do egoísmo, surgindo, pouco a pouco, o sentimento de despaixão ou desapego em relação ao fruto do labor agora realizado como parte integrante do Plano Universal, e não mais como um esforço gratificante no sentido material, ético, social, religioso ou até espiritual.

É uma jornada longa e difícil. O ego encastela-se em cidadelas cada vez mais inacessíveis e inexpugnáveis, camuflando-se muitas vezes em aparências nobres, ressurgindo quando já era certo haver cedido o seu domínio à plena expansão do Eu Supremo.

...a luta travada contra as ciladas do ego, que deve ser vencido pela persistência, constância, vigilância...e não pelo ascetismo, pelo bloqueio ou violência, métodos de efeito de pouca duração.

O caminho do meio é sempre o mais indicado: o bom senso aliado a um desejo sincero são as armas mais eficazes para provocar a transmutação dos reflexos atávicos de sobrevivência e predomínio em autocontrole divinizante.


FONOSOFIA, Ramadi, Editora FEEU, Porto Alegre, 1979

02 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

A FLAUTA



Trila na noite uma flauta.É de algum
pastor? Que importa? Perdida
série de notas vagas e sem sentido nenhum
como a Vida.
Sem nexo ou princípio ou fim ondeia
a ária alada.
Pobre ária fora de música e de voz, tão cheia
de não ser nada.
Não há nexo ou fio por que se lembre aquela
ária ao parar;
E já ao ouvi-la sofro a saudade dela
e o quanto cessar.

FERNANDO PESSOA

01 janeiro 2004

CounterCentral hit counter

FUTURO E CONSCIENCIA


Quanto mais um ser tem características egóicas, mais demonstra estar vinculado à condição de vida terrestre actual – condição que, embora esteja sendo transformada, ainda é primária e rudimentar vista de uma perspectiva espiritual. Penetrar os mistérios da consciência e da energia requer a transcendência desse nível básico. Levando isso em conta, o que se pode fazer é sempre, numa progressão infinita, aspirar e empenhar-se como grande ardor a ir além daquilo que se aprendeu da vida humana. Ao mesmo tempo que um indivíduo reconhece a própria limitação – o que normalmente o intimida, pelo temor de perpetuar seus erros -, a vida exige-lhe acção, propõe-lhe um exercício
constante de auto-superação, que é também a sua fonte de aprendizado. E quando certa sintonia é estabelecida entre o eu consciente e a energia interna, essa energia impulsiona-o, a despeito de suas limitações; estimula-o a lançar-se à vida a fim de colaborar com a ascenção, pois enquanto permanece encapsulado em si mesmo pouco evolui.

(...)

Inúmeros níveis de evolução coexistem na Terra e elevam-se à medida que a consciência dos homens penetra e se estabiliza em patamares superiores. Essas elevações expandem a abertura do planeta às emanações cósmicas que lhe revelam qualidades insondáveis. Assim, informações sobre as leis superiores são transmitidas aos homens não para aumentar o seu acervo de conhecimentos, mas para que eles possam inteligentemente criar – no sentido superior e oculto do termo -, e tornar-se então colaboradores no cumprimento da meta do universo.


TRIGUEIRINHO, Encontros com a Paz, Editora PENSAMENTO,1993

BlogRating