C O M P A I X Ã O
A iniciação é a compaixão. A compaixão como jóia no próprio coração do Amor. Através dela todas as portas se abrem sem que seja necessário empurrá-las. Oh, não necessariamente as portas humanas tal como como são concebidas com a lógica e a consciência incarnada. A aproximação da Divindade, quer dizer o estabelecimento da harmonia perfeita do ser consigo mesmo e com o universo não se efectua nem pelo itinerário desejado nem no momento escolhido. Ela ri-se do tempo, dos acontecimentos e dos meios a utilizar.

A solidariedade é uma qualidade que falta muitas vezes àqueles que se viram para as realidades do Espírito. Cada um procura de tal modo preservar a sua autoridade sobre o seu pequeno grupo de discípulos, cada qual crispa-se de tal modo sobre o domínio no qual pensa atingir a excelência que tudo se separa lá onde as fronteiras se deveriam fundir ao sol...Não temais por conseguinte as palavras que agitam as Escolas petrificadas. O Conhecimento não é propriedade de ninguém. Ao suscitar intolerância e crítica, ele reduz-se a um simples saber intelectual.
Que cada um, pelo contrário, seja qual for a via escolhida, se empenhe em unificar, a dar-se conta das semelhanças para além das aparentes divergências.
A coesão última obtem-se pelo Amor.
ANNE et DANIEL MEUROIS-GIVAUDAN, Celui Qui Vient, Ed. Amrita, 1995
Quadro: Carrie MaKenna
O problema básico actual é devido à inércia das instituições socio-culturais, económicas e políticas euroamericanas que provêm do passado e que recusam obstinadamente aceitar o posicionamento radicalmente novo do ser humano e das energias cósmicas, planetárias e biopsíquicas. Este novo tipo de posicionamento poderia por si só repolarizar a consciência colectiva da elite dirigente, administrativa e intelectual, e estabelecê-la num nível donde pudesse fazer ressonância com os conceitos universalistas e com as vibrações do mundo oculto.
A busca da Verdade é sem sombra de dúvida de uma grande exigência. Não chega ser-se íntegro e querer...É preciso ter, não somente o gosto do risco mas também lugar em si mesmo para esse risco. Se o nosso intelecto permanecer bloqueado por conceitos demasiado enraizados, os quais, não nos damos conta são essencialmente doutrinais, em qualquer área, então temos poucas hipóteses de dar um passo decisivo.
O grande mito do amor consiste em que estás convencido de que podes amar alguém, alguma coisa ou, pelo menos, a ti mesmo.
A ciência e a religião são como dois comboios movimentando-se na mesma direcção, sobre carris paralelos, num processo onde a religião se empenha na exploração do Pensador e a ciência na exploração do Pensamento.
É admissível que o génio não seja apreciado na sua época porque a ela se opõe; mas pode-se perguntar por que razão é apreciado nas épocas vindouras. O universal opõe-se a qualquer época, pois as características desta são necessariamente particulares; porque será então que o génio, que se ocupa de valores universais e permanentes, é mais favoravelmente recebido por uma época do que por outra?
Os corpos fisicos dos seres humanos sâo entidades milagrosas, com consciência própria, que se autoregulam de uma forma extraordinária. Passas a vida arquitectando a consciência de acordo com as opiniões, tuas e alheias, acerca do teu corpo físico. De facto, através da ressonância, os pensamentos e as emoções que tu manténs acerca de ti mesmo possuem um enorme impacto sobre a consciência do teu corpo: o medo da doença ou da morte pode, literalmente, programá-lo para que adoeça.
É um ser que sente uma espécie de bondade, uma atitude bondosa para com os outros seres humanos, as coisas, os animais, as plantas. Esse alguém pode crescer dentro de cada um de nós, como se fosse uma rosa. Aqueles que já têm esse ser esse ser humano novo dentro de si próprios sentem o perfume dessa rosa interior e vêem as coisas como as crianças, com um sentimento de beleza e de imortalidade.
ENDGAME, texto beckettiano monumental, magistralmente interpretado como é próprio dos ingleses, encheu a atmosfera e os olhos e o meu coração do medo que nos acompanha a quase todos no que se refere à velhice e aos males que lhe são próprios. Revi, num ápice, os momentos finais de seres a quem quis bem, de outros, só conhecidos, e surgiu a confirmação de que as pessoas morrem mal, descentradas, desligadas, em tormento, enfermas, pobres, feias, espécie de sombra amaldiçoada dos seres viçosos que um dia foram. Há uma quase obscenidade nas condições do final da vida dos seres humanos em geral, uma desistência forçada pela velhice, a doença, a falta de dinheiro, a ausência de amor e/ou os muitos males da alma. Tudo se parece agravar com a longevidade.
Deve ser isso, pois aqui na Terra tenho tido dificuldades em que entendam o que eu quero dizer.
Minha vida não tem sentido apenas humano, é muito maior - é tão maior que, em relação ao humano, não tem sentido. Da organização geral que era maior que eu, eu só havia até então percebido os fragmentos. Mas agora, eu era muito menos que humana - e só realizaria o meu destino especificamente humano se me entregasse, como estava me entregando, ao que já não era eu, ao que já é inumano.

