NOVA HUMANIDADE
O Ser Humano* que nós propomos é alguém que pode valorizar a velhice, que pode não só entender o bem mas praticá-lo. É’ alguém que não será feliz enquanto não for feliz o último dos mortais; é alguém que não constrói unicamente a sua felicidade, mas também a felicidade dos outros.É um ser que sente uma espécie de bondade, uma atitude bondosa para com os outros seres humanos, as coisas, os animais, as plantas. Esse alguém pode crescer dentro de cada um de nós, como se fosse uma rosa. Aqueles que já têm esse ser esse ser humano novo dentro de si próprios sentem o perfume dessa rosa interior e vêem as coisas como as crianças, com um sentimento de beleza e de imortalidade.
JORGE LIVRAGA/DELIA GUSMAN, Porque Florescem As Seitas,
Ed. Nova Acrópole, 1ª edição, 1996
* Para maior coerência conceptual, tomou-se a liberdade de substituir no texto original o termo “homem” por “ser humano”.
O INAUDÍVEL
Com o tempo
todo o poeta se transforma em seu próprio espólio
mas nunca
nunca mais
se ouve o que é inaudível...
ANA HATHERLY, Itinerários
Quasi Edições, 2003

É a vida que se desliga de nós, não somos nós que nos desligamos dela. Retira-se pouco a pouco, e num belo momento percebemos que lhe estamos a sobreviver.
Em que momento começa um ser a sobreviver a si mesmo? Eis a questão que nos deveríamos colocar, a mais importante de todas as questões. Sentir-me-ia inclinado a acreditar que sobrevivemos a nós mesmos quando começamos a compreender, a identificar uma ilusão onde anteriormente acreditaramos existir uma realidade.
EMIL CIORAN, Cahiers 1957-1972
Gallimard, 1997
Tradução de Mariana Inverno
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