ORDEM NASCENTE

Textos poéticos e filosóficos sobre a ordem nascente
A ordem nascente é ainda elusiva e periclitante. São muitos os profetas apocalípticos que auguram o fim dos tempos, e assim alimentam o medo no ser humano, facto que não pode bem servir a humanidade. Mas há, sem dúvida, crescentes indícios, vestígios, sinais que auguram o fim de um tempo, o ruir das estruturas... MARIANA INVERNO

04 agosto 2005

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A brisa da manhã, a azulada...

São tão difíceis os dias, como se a mão que se busca se tornasse inalcançável e dela nos restasse, apenas, o rasto de uma memória...

Quem me levou a brisa da manhã, aquela que é azulada ainda e nos refresca por dentro, antes do esforço diário?
Tão estranho o pesado silêncio que se substitui agora ao que era canto, canto, sempre canto...
Que estranhos, que alienados seres me roubam caprichosamente, sem propósito, o respirar conjunto que só o Amor legitimiza...?

A minha voz cala-se como se o espaço que era o seu tivesse sido assaltado e a ordem ancestral aniquilada.
Tudo preso por um fio, tudo alterado.
Mordisco rosas, afogo-me em rosas para não chorar.

E dou-vos rosas, as que o poeta pedia outrora, as que hoje invento.

Estou por aí, ando por aí, por tantas bandas, errante, errante como só eu.

Quem me levou a brisa da manhã, a azulada?
Por que se apaga, sem que eu o saiba, a luz da minha vida?

Calo-me. Vou recolher-me em mim.
Digo-me: esta é só uma hora mais dura.
Refloriremos...


MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos

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