CORAÇÃO PARADOXAL
Eu não: Quero é uma verdade inventada.
CLARICE LISPECTOR
BARRY SHARPLIN
Pois é. O sentido das coisas carece de ser inventado por mim, carece de encontrar ressonância – por mais ilógica que ela apareça a observadores externos – na parte mais tenra do meu coração, para que eu sinta que é verdade. O coração não se engana. Dispõe de detectores estranhos, não sujeitos às leis conhecidas, e firma as suas escolhas independentemente das conveniências circunstanciais. É temerário, húmido e paradoxal.
O equilíbrio q.b. entre as orientações da mente racional - indispensáveis ao aceitável funcionamento na ordem de valores em que ainda vamos (sobre)vivendo – e esse fluxo quente e extático, quase subversivo que nos invade naqueles momentos de entrega ao inexplicável representa a grande chave, de certo modo o código, para transcendermos a ainda muito generalizada situação de escravatura espiritual, moral e social em que a humanidade se encontra.
Olhai os lírios do campo...olhai o resto.
Não queremos clones. Indesejáveis, os bons alunos.
Deixai as borboletas voar, voar...
Sem rumo pré-estabelecido.
MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos