M A D R E
o mistério central do mundo.»
Entre abraços, laivos de uma ternura sem fim e a descuidada
distracção das prendas, segui-te ininterruptamente com o meu
olhar de dentro, Mãe, e ainda que estejas mais mirrada e o gesto
já não voe, nervoso mas seguro, na ponta dos teus dedos hábeis
de outrora, foi-me possível ver-te na tua completude
- deusa trifásica de Nascimento, Iniciação e Morte.
Olho-te e busco a Mulher inteira, aquela que quero ser, apoiada
no teu exemplo de força e de coragem, mas também no das
sombrias horas em que não soubeste ou não pudeste assumir-te
como tal.
Diz-se que estás no ocaso.
Talvez seja antes invulgar madrugada,
a que se acerca.
Pouco posso, ninguém pode muito
jamais.
Ainda assim
ofereço-te o meu peito
Mãe, flor cósmica e matricial,
pequena, brava, triste, audaz mulher,
ofereço-te os meus braços de coração aberto
nos dias ainda por viver
Regalo-te o meu colo, Madre,
para que na passagem
a serenidade do retorno
seja leve e seja branca
como há muito decidiste.
MARIANA INVERNO
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