TRANSCENDER A BESTA
Sempre achei que era importante adormecer em paz. Sobretudo, entregar-me ao sono sem ira nem raiva contra fosse quem fosse. Já noutras partidas a minha alma deve ter aprendido os perigos desse tipo de energias à solta, manobradas pelo subconsciente enquanto a pessoa dorme, pois o impulso (nem sempre bem sucedido) de tentar acalmar os demónios da revolta e da cólera está bem vivo no meu ser.
Sobretudo numa pessoa de carácter intenso e passional como eu, torna-se por demais importante que se acalmem todos os vulcões, antes de me entregar ao sono reparador. Lia há dias, num texto sobre conhecimento esotérico, que se uma pessoa se deita sentindo-se injustamente encolerizada com alguém, a funda astral conhecida como “ka” pode sair dessa pessoa carregada de ira e dirigir-se contra a confiada vítima. Inclusive, sem que se esteja consciente disso, a ira que não conseguimos controlar pode ser um instrumento provocador de desgraças e até mesmo de morte súbita para o nosso próximo.
Como o ka não é governado pela mente consciente, ele realiza sem quaisquer limites os desejos instintivos, desenfreados e baixos do subconsciente. Disso não conserva a mente consciente qualquer lembrança, embora no processo o ser humano se torne kármicamente responsável por todo e qualquer mal infligido a outra pessoa.
Dá que pensar. E que acautelar. Com humildade e persistência.
Só pelo sopro divino do espírito se pode realmente transcender a besta que é, sobretudo, ignorância.
MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos
2 Comments:
Há um Ka superior e eterno, que corresponde ao supra-consciente que convém não confundir com o ka instintivo que corresponde de facto à nossa natureza animal, aos nossos instintos primários.
De resto concordo contigo...
A bem do nosso Ka eterno...
A Mãe sublime, que nos vela de noite e de dia!
Um abraço
Rosa Leonor
Pois é justamente ao instintivo que o texto se refere.
Mas agradeço-te que tenhas enfatizado esse aspecto.
Um abraço, amiga
Mariana
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