O CANTO ANCESTRAL DA MÃE
O luto na alma é como uma casa fechada e silenciosa, onde pairam restos de odores reminiscentes daquilo que amámos e já não podemos mais beijar com o olhar. Dói tanto, aparece tão injusto, tão contra natura...
O exemplo miserável da violência, perpretado pelos homens criadores da guerra e da carnificina, doutrinários da posse e do controle, é um incentivo a que as mulheres, criativas e conciliadoras por natureza, fomentem novas estruturas e padrões de comportamento, baseados na cumplicidade, na reciprocidade, na dádiva... Há todo um mundo de ternura e encantamento que só o lado feminino do ser humano sabe assumir... Dar força a esse lado habilita-nos à graça e à paz. Esquecer as etiquetas da propriedade, anular o absurdo orgulho, fundir os olhos no húmido suave e não falado que nos irmana.
Aí, algures, habita o canto ancestral da Mãe...
MARIANA INVERNO, Notas Diárias à Sombra dos Tempos
2 Comments:
Bonito post...a contrastar em ternura com alguma raiva do meu...
Mas a memória e a saudade desse colo materno e antigo paira por detrás das minhas palavras agressivas...
Com amizade
rosa Leonor
Agredir os outros representa sempre medo, dor, ou seja sofrimento por parte do agressor. Ricochetear a agressão...representa o mesmo. Há outra via, a que só a maturidade da alma dá acesso: nela habita o colo materno e a scriativas energias da cumplicidade, reciprocidade, ternura, conciliação, etc...
Obrigado pelo comentário.
Um abraço
Mariana
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