OS BRAÇOS ÁGEIS DA POESIA
“A poesia é a expressão verbal correspondente a uma percepção de vida subtil e pluridimensional. Os seus ágeis braços tocam mundos e mundos insondados e devolvem-nos para o nível consciente uma espécie de auto-transcendência.
Instrumento expansivo de consciência, a poesia corresponde ao sentir, expresso no verbo sem as amarras da mente racional. Relembra algo que nos falta e que frequentemente não sabemos apontar e repõe a complexa beleza da manifestação, enquanto actua de forma misteriosa sobre a nossa subjectividade.”
MARIANA INVERNO
MARINA PETRO
QUE E' VOAR
Que é voar?
É só subir no ar,
levantar da terra o corpo, os pés?
Isso é que é voar?
Não.
Voar é libertar-me,
é parar no espaço inconsistente
é ser livre, leve, independente
é ter a alma separada de toda a existência
é não viver senão em não-vivência.
E isso é voar?
Não.
Voar é humano
é transitório,momentâneo...
Aquele que voa tem de poisar em algum lugar:
isso é partir
e não voltar.
ANA HATHERLY
JOSEPHINE WALL
Quem me roubou o tempo que era um
quem me roubou o tempo que era meu
o tempo todo inteiro que sorria
onde o meu Eu foi mais limpo e verdadeiro
e onde por si mesmo o poema se escrevia
SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN (1919-2004)
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